terça-feira, 29 de abril de 2014

Sou um eu sem rima...



(..)com certas notícias que leio, a vida às vezes me dá medo, desses que quase me impedem de pegar no sono a noite e de acordar de manhã no dia seguinte. como se ao pisar para fora do colchão os perigos da vida fossem caminhando em minha direção. costumo associar prazer e dor. quando se anula a dor, o prazer é automaticamente anulado. como quando 'aquelas' pessoas que tomam 'aqueles 'remédios anti-depressivos  que vão te anulando aos poucos, sabe? deixando você e tudo ao seu redor cinza, monocromático, sem brilho, sem dor, sem prazer. e nesses meus dias  de medo, já se sabe, serão grandes prazeres e grandes dores. dá vontade de não sair da cama, ou de tomar uma pilula mágica e ver a vida passar. mas a escolha é sempre pela aventura [se me demoro lá esta uma carinha sorridente na porta do quarto a me despertar] viro pro outro lado , insisto mas os carros na rua começam a buzinar, o sol entra pela fresta da janela, meu coração dispara, sinto as primeiras dores do dia.  me preparo.  que venha mais um.  dos prazeres ainda não sei, mas costumam doer para aparecer.   ...essas coisas  me deixam muitas vezes sem graça, cheia de humanidade, insuportável. e no fundo eu acho (e não tenho certeza) que na verdade, 
eu não sou assim...





vida 
'me diz por onde 
você me prende
por onde foge
e o que pretende de mim
...
me responda depois...♪.'


segunda-feira, 28 de abril de 2014

na aurora do sonho...






    Sorriu pra um estranho e depois pensou que todo apaixonado é meio bizarro. A outra metade é só ausência de lucidez [tem quase certeza disso].Lembrou que apaixonados, esquecem a fome, o sono, as horas do mundo. Desmentem a agenda lotada, movem aqueles compromissos marcados cautelosa e antecipadamente. Reagendam as missões mais impossíveis em nome da paixão, enquanto até mesmo todo o tempo ocioso já terá dono [o pensamento no outro]. O apaixonado com toda a simplicidade e fé de quem aposta em fazer o sentimento crescer, inventará que o pra sempre é pouco.
Decretará nova opção....



sábado, 26 de abril de 2014

Das formas perfeitas



Ânsia voraz
de me fazer
em muitos
Fome angustiosa
da fusão de tudo
Sede da volta final
Da grande experiência
Uma só alma
Em um só corpo
Uma só alma-corpo
Um só
Um

Como quem
fecha numa gota
o oceano
Afogado
no fundo de
si mesmo

(do livro Magma de Guimarães Rosa)




[ e a certeza de uma 
outra margem
permeiam os pensamentos]





terça-feira, 22 de abril de 2014

Precisamos mais de nós do que de tudo





Um dia a gente aprende que nada foi nem nunca será solucionado na teoria, alguém sempre tem de arregaçar as mangas e se dedicar a colocar as coisas em ordem, independentemente de o quanto isso custar. Penso que o vazio é um lodo espesso e intransponível que corre por dentro de encanamentos, artérias, postes, fios, veias, troncos de árvores. E vai se espalhando depressa, se estagnando por entre réplicas e tréplicas ou silêncios irreversíveis. A solidão é um troço que faz a gente abrir a geladeira sem estar com fome ou sair por aí com umas pessoas bem barulhentas pra tentar estar junto. Pra asfixiar o vácuo de dentro que não está bem lá dentro, e sim nas superfícies, nos contornos dos corpos, das coisas, nos dias nublados muito claros que contraem os olhos. Podia ser tudo simples como nas ruas de cimento onde se aposta corrida de bicicleta. Joelhos ralados, mercúrio cromo, band-aid e pronto, no dia seguinte, corrida de bicicleta. Agora é assim: nada combina com nada. Mas não se preocupa, vou voltar lá pra te buscar. Lá onde  me perdi....




'infindo e onipresente, 
o nada envolvia
 cada recanto de sua consciência'
- Joseph Glittergate